“Vocês nos dão instrumental para curar a realidade”, disse um aluno na defesa do seu trabalho de conclusão de curso após dezesseis meses de intensa programação educacional.
Aos curiosos, vale o contexto: a cidade responsiva é um conceito recente, embora já seja percebida em doses homeopáticas no nosso dia a dia. A palavra responsividade, mesmo que aplicada a outras esferas da nossa vida, já faz parte do nosso vocabulário há algum tempo.
No âmbito das cidades, então, é por meio da coleta e da análise de dados em tempo real que a cidade responsiva traz à luz um modelo de desenvolvimento urbano que une a tecnologia das cidades inteligentes ao protagonismo dos indivíduos. Esse encontro pode (e deve) produzir resultados capazes de responder às demandas socioespaciais em maior grau de alinhamento com a complexidade do mundo contemporâneo. Em suma, para absorver esta percepção de espaço na sua totalidade precisamos entender que todos somos responsáveis pelo que ocorre na cidade em que estamos. Não “estamos” em um congestionamento. Nós “somos” o congestionamento.
A cidade responsiva age e reage. Como todos nós, ela existe a partir de princípios causais. Considerando dois eventos consecutivos, o segundo será uma consequência do primeiro.
Assim se constituiu a história. A própria ciência do urbanismo foi uma reação da nossa busca pelo entendimento da transformação sofrida pelas cidades com o advento da Revolução Industrial. Passamos a tentar imaginar o futuro por meio do planejamento.
Quando a cidade ficou cheia, doente e caótica: planejamos os jardins. Quando estava apertada: resgatamos as amplas vias. Tentamos adiantar as perguntas para acertar as respostas. Para que todos pudessem acertar as respostas para as perguntas que criamos, estabelecemos normas.
E assim se constituiu a história do planejamento urbano até a próxima revolução, agora digital e informacional. Tudo ficou mais imenso, veloz e difícil de controlar. Passamos a precisar responder mesmo antes de planejar — e a planejar em tempo real.
Tão difícil quanto aprender neste contexto, é ensinar. Em meio aos meses turbulentos de pandemia os quais o contato virtual era o único — sanitariamente — possível, expandimos o nosso “calor” da sala de aula presencial para o online. O que era para ser apenas um módulo de horas complementares em algumas primeiras reuniões de alinhamento prontamente criou corpo para se tornar uma pós-graduação de assunto emergente, relevante e inovador. A cidade responsiva nos convidou a agir e reagir nos nossos campos de ação e dentro das nossas limitações (e oportunidades) diárias. Ensinar a ser responsivo, enfim, foi um desafio com muitos agentes envolvidos.
No momento em que olhamos para uma vasta quantidade de dados que saltam aos nossos olhos e não sabemos necessariamente o que fazer com eles, convidamos à reflexão. Sobre a cidade e sobre nós mesmos. O significado importa, e muito, neste contexto. Como bem disse nossa banca convidada Paula Palermo, na defesa do trabalho final de conclusão de curso da nossa turma 2 do MBA Cidades Responsivas: o ser humano é o melhor sensor. Acreditamos que seguirá sendo por um bom tempo.
Convidamos a todos para buscar dados e significados conosco, agora presencialmente, na inauguração da nossa nova sede em Porto Alegre.
O Primeiro Encontro Cidades Responsivas acontece nos dias 13, 14 e 15 de julho. A programação conta com professores nacionais e internacionais, além de profissionais que admiramos e queremos ter por perto.
Texto de autoria de autoria de Ellen Bernardi e Luciana Fonseca
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