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Ideias [criativas e colaborativas] como possíveis respostas ao enfrentamento da crise climática

Há alguns anos as preocupações com o aquecimento global e as mudanças climáticas decorrentes deste impulsionam as organizações em todo o mundo a reverem o seu posicionamento no setor em que estão inseridas. Muitas empresas buscam soluções mais coerentes em relação às emissões de poluentes ou buscam reduzi-las por meio da utilização de energias renováveis. Outras tantas atuam compensando os danos que já foram causados.


Citando Daniel Christian Wahl em seu livro Design de Culturas Regenerativas: o grande problema com a ideia de que natureza e cultura são separadas é que nos predispõe a criar culturas que apenas exploram e, consequentemente, degradam os ecossistemas. Tais culturas tendem a ter sistemas econômicos focados apenas em torno das noções de escassez e vantagem competitiva, enquanto culturas regenerativas perpetuam a vantagem da colaboração para fomentar a fartura compartilhada. Aqui, refletimos: como as iniciativas criativas e colaborativas podem nos auxiliar a ter uma abordagem contemporânea ao enfrentamento da crise climática?


Diversos encontros internacionais também debatem as questões climáticas e alertam para a necessidade de se buscar um reequilíbrio. O desenvolvimento mundial, seja ele no âmbito industrial, agrícola ou urbano, passa a contribuir com a recuperação dos danos causados pelo processo de degradação ambiental. Um exemplo deste possível reequilíbrio é o conceito de sequestro de carbono, tema em evidência tanto no mundo científico quanto no profissional.


Tenhamos em mente a capacidade do ecossistema natural — e quando dito natural, realmente sem intervenção humana — em retirar o CO2 (dióxido de carbono) da atmosfera, fixar o carbono no solo por meio das raízes e microestruturas de crescimento e devolver somente o oxigênio, funcionando precisamente como um sistema de filtragem do ar.


Num cenário ideal, a forma mais viável de sequestro de carbono, inclusive financeiramente, seria a conservação dos ecossistemas e biomas naturais. Uma outra forma que tem sido adotada é o investimento em áreas desmatadas, promovendo a regeneração do solo através do plantio de espécies nativas, propiciando assim um retorno ao sistema original com toda a riqueza de biodiversidade de forma assistida.

Outro conceito relevante que podemos nos amparar é o de Sistemas Baseados na Natureza (SBN), que propõe ações para proteger (i), gerir de forma sustentável (ii), restaurar ecossistemas naturais ou modificados (iii), enfrentar desafios sociais de forma eficaz e adaptável (iv) e fornecer simultaneamente bem-estar humano e benefícios da biodiversidade (v).


Alguns dos princípios da SBN são, então: entregar uma solução efetiva para um desafio global inspirado na natureza, fornecer benefícios da biodiversidade em termos de diversidade e ecossistemas bem manejados, apresentar a melhor relação custo-efetividade quando comparada com outras soluções, poder ser medida, verificada e replicada e respeitar e reforçar os direitos das comunidades sobre os recursos naturais (Cohen-Shacham et al., 2016).


Trazendo a discussão para o ambiente urbano de fato, enquanto arquitetos, urbanistas, gestores ou entusiastas do planejamento urbano, devemos nos questionar sobre como também podemos contribuir para que as cidades se tornem mais resilientes aos eventos climáticos extremos. Para além disso, como podemos promover e operacionalizar esta ideia de que as nossas cidades podem (e devem) contribuir ativamente para o sequestro de carbono. Cuidar da qualidade do solo, assim, já sugere uma das potenciais premissas básicas.


Certamente esta pergunta não antecede uma resposta simples. Renovar o olhar, questionar sistemas estabelecidos, utilizar soluções baseadas na natureza, buscar um design regenerativo, estar consciente e atento ao que se passa à nossa volta talvez seja apenas um primeiro passo. Promovermos essa reflexão certamente é relevante para que ainda mais ideias criativas e colaborativas surjam e possam ser implantadas.


Texto de autoria de Flávia Tannure Dadalto.


 

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